quinta-feira, 19 de maio de 2011
 

A humanidade pode e deve fazer mais com menos: Relatório do PNUMA


Nova Iorque/Nairóbi – Até 2050, a humanidade poderá consumir um estimado de 140 bilhões de toneladas de minerais, minérios, combustíveis fósseis e biomassa por ano – três vezes o seu apetite atual – ao menos que a taxa de crescimento econômico seja “dissociada” da taxa de consumo de recursos naturais, adverte um novo relatório do PNUMA. Os cidadãos dos países desenvolvidos consumem uma média de 16 toneladas desses quatros principais recursos per capita – que vão até 40 ou mais toneladas por pessoa, em alguns países desenvolvidos. Em contrapartida, a média de uma pessoa na Índia é de quatro toneladas por ano. Com o crescimento da população e da prosperidade, especialmente nos países em desenvolvimento, a perspectiva de níveis muito maiores de consumo de recursos é “muito além do que seria sustentável” se forem levados em conta todos os recursos finitos do mundo, alerta o relatório do PNUMA. No mundo, fontes baratas e de alta qualidade de alguns materiais, como o petróleo, cobre e ouro, já estão se esgotando; entretanto, cresce a procura por combustível fóssil e água doce para a produção. Melhorar a taxa de produtividade dos recursos (“fazer mais com menos”) mais rápido do que a taxa de crescimento econômico é a idéia por trás da “dissociação”, diz o relatório. Esse objetivo, no entanto, exige um repensar urgente das relações entre a utilização dos recursos e a prosperidade econômica, sustentada por um investimento maciço em inovação tecnológica, financeira e social, para, pelo menos, congelar o consumo per capita nos países ricos e ajudar os países em desenvolvimento a seguirem seu caminho de uma forma mais sustentável. A tendência para a urbanização pode ajudar também, como observam os especialistas, uma vez que as cidades permitem economias de escala e de prestação de serviços mais eficientes. Lugares densamente povoados consumem menos recursos per capita do que lugares menos povoados, graças a economias em áreas como abastecimento de água, habitação, gestão de resíduos e reciclagem, uso de energia e transporte, dizem os especialistas. “A dissociação faz sentido em todos os mostradores econômicos, sociais e ambientais”, disse Achim Steiner, Diretor Executivo do PNUMA. “As pessoas acreditam que os “males” ambientais é o preço que devemos pagar por “bens” econômicos”. No entanto, não podemos e não precisamos continuar a agir como se esse trade-off fosse inevitável, disse Steiner. “A dissociação é parte de uma transição para uma baixa emissão de carbono, um recurso eficiente de Economia Verde necessários para estimular o crescimento, gerar tipos de trabalhos decentes e erradicar a pobreza de uma maneira que mantém a pegada da humanidade dentro de limites planetários. Ano que vem, os encontros da Rio+20 representam uma oportunidade para acelerar e aumentar os “benefícios verdes” de uma Economia Verde, que esta surgindo nos países desenvolvidos e em desenvolvimento”.

O novo relatório do Painel Internacional de Recursos do PNUMA, o quarto de uma série, foi lançado em Nova Iorque, na reunião anual da Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, onde o consumo e a produção sustentável são questões fundamentais. E antecede em um ano da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável 2012 (ou Rio+20, de 4 a 6 de junho de 2012) com os seus dois temas centrais de uma Economia Verde no contexto de desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, alcançando um acordo sobre um quadro internacional para o desenvolvimento sustentável.

Embora o relatório não ofereça opções de política e tecnologia detalhada – que seria para relatórios posteriores – diz que as tecnologias têm ajudado a humanidade a extrair qualidades cada vez maiores de recursos naturais que precisam ser redirecionados para formas mais eficientes de usá-los. A média global anual do consumo per capita de recursos no ano de 2000 foi de 8 a 10 toneladas, aproximadamente o dobro da taxa de 1900. Em 2000, a taxa média nos países industrializados (lar de um quinto da população mundial) foi aproximadamente o dobro da média global e quatro ou cinco vezes maior do que os países mais pobres em desenvolvimento. As taxas de consumo global e nacional per capita são calculadas ao dividir o total de extrações mundiais e nacionais de minerais, minérios, combustíveis fósseis e biomassa pelas figuras populacionais mundiais e nacionais. A rápida expansão do comércio internacional, no entanto, obscurece a responsabilidade para o consumo de recursos e impactos ambientais associados, observam os autores. Ao longo do século passado, os controles de poluição e outras medidas reduziram os impactos ambientais do crescimento econômico, e graças a inovações na produção, o design de produtos e o uso de energia- ajudado pelo aumento do número de pessoas que vivem estilos de vida mais eficiente nas cidades – a economia global tem crescido mais rápido que o crescimento do consumo de recursos. Ainda assim, essas melhorias foram apenas relativas. Em termos absolutos – com o crescimento populacional, persistência de elevados níveis de consumo nos países industrializados e o aumento da demanda por bens materiais, particularmente na China, Índia, Brasil e outras economias emergentes – o uso de recursos totais cresceram oito vezes, de 6 bilhões de toneladas in 1900 para 49 bilhões de toneladas em 2000. Atualmente, é estimado um total de 59 bilhões de toneladas.

A dissociação está ocorrendo, mas “em uma taxa que é insuficiente para atender as necessidades de uma sociedade sustentável e equitativa”, diz o relatório. Entre 1980 e 2002, os recursos necessários para cada US$ 1 dólar americano da produção econômica caiu de 2,1 toneladas para 1,6 toneladas.
O relatório detalha o progresso em quatro países onde a política de governo apóia a dissociação.

∙ A Alemanha estabeleceu metas para a energia e produtividade de recursos – com o objetivo de dobrar até 2020. Há também ambiciosas metas para encontros, eletricidade e outras necessidades de energia provenientes de fontes renováveis; e o objetivo de um corte de 30% de emissões de dióxido de carbono até 2020.

∙ O Japão está comprometido a se tornar a “Sociedade Sustentável” com foco em baixas emissões de carbono, redução, reuso e reciclagem de materiais e a harmonia com a natureza. O fluxo de materiais é cuidadosamente contabilizado. As medidas do Japão “são provavelmente os mais avançados exemplos de aumento da produtividade dos recursos e minimizar os impactos ambientais negativos na prática”, afirma o relatório.

∙ A Constituição da África do Sul requer “um desenvolvimento ecologicamente sustentável e o uso dos recursos naturais”. Políticas chamam para “recursos e a dissociação de impactos” e os cortes de emissões de gases de efeito estufa de 30 a 40% em 2050. O progresso, porém, é prejudicado por uma crescente dependência de exportações de carvão e outros minerais. A sua intensidade de emissões de carbono é a maior do mundo e suas emissões por pessoa são o dobro da média global.

∙ A China almeja a construção de uma “civilização ecológica” com recursos e preocupações ambientais como suas prioridades máximas. Criou indicadores de dissociação e fixou objetivos mandatórios, incluindo a redução de 20% de intensidade energética e de poupança de energia, executados a nível nacional, e programas de redução de poluição. Um Plano Nacional de Ação sobre Mudanças Climáticas almejam metas de 40 a 45% de redução na intensidade de dióxido de carbono até 2020.


Para maiores informações, acessar:

http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=2641&ArticleID=8734&l=en&t=long

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