quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
 

Momento silencioso sobre as mudanças climáticas, diz o chefe do PNUMA


Os dois últimos anos foram considerados uma montanha russa em relação à obtenção de um novo tratado global para combater as mudanças climáticas. Alguns já acreditam que a janela para as ações está se fechando rapidamente. Mas desistir não é uma opção. A última rodada de negociações sobre o clima, que ocorreu mês passado em Cancun, colocou os esforços mundiais no combate às mudanças climáticas de volta aos trilhos – ainda que em um ritmo e uma escala que vai, sem dúvida, deixar muitos espectadores frustrados. O governo do presidente Felipe Calderon no México e o Secretário Executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas merecem o crédito de ganhos em uma variedade de áreas importantes, como a florestal, um novo Fundo Verde para ajudar os países em desenvolvimento e a ancoragem de promessas de redução de emissões feitas em dezembro de 2009 em Copenhagen.

Mas, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e os moderados do clima deixaram claro na preparação para a reunião de Cancun, existe uma diferença significativa entre o que foi prometido pelos países e o que é necessário para manter o aumento da temperatura global em níveis abaixo de 2° C, e ainda mais para níveis abaixo de 1,5°C (necessário para proteger os Estados Insulares).

Apesar de alguns ganhos, essa lacuna permanece firmemente no lugar pós Cancun. De fato, ninguém deve subestimar a magnitude do desafio na próxima conferência que ocorrerá na África do Sul em termos de firmar um novo acordo juridicamente vinculativo para ligar esta lacuna e garantir o financiamento necessário para colocar em funcionamento o Fundo Verde.

No entanto, enquanto a cúpula oficial em Cancun lutou para uma conclusão, uma conferência não oficial chegou a uma conclusão. Esta cúpula paralela reuniu chefes de estado, governos regionais e locais, empresas e sociedade civil, e ressaltou o quão longe e o qual rápido alguns setores da sociedade vão fazer a transição para um futuro de baixo carbono e construir economias verdes e limpas do século XXI.

As políticas de Calderon ecoam este momento: segundo algumas estimativas, ele está transformando seu país no mercado mundial de energia eólica de mais rápido crescimento. Além disso, o México também irá progressivamente substituir as lâmpadas ineficientes até 2014. E acabou de tirar do mercado 850 mil frigoríficos em favor de outros mais modernos e mais energeticamente eficientes, com mais milhões previstos para os próximos anos. Os proprietários mexicanos que instalarem sistemas de poupança de energia como aquecedores solares de água, irão se tornar elegíveis para uma taxa inferior de “hipotecas verdes”.

Mas o México não está sozinho na adoção de estratégias nacionais para a transição de uma economia verde de baixo carbono. O Uruguai, por exemplo, anunciou uma estratégia para gerar cerca da metade de sua eletricidade com recursos renováveis até 2015. Sessenta governos regionais e locais, responsáveis por 15% das emissões globais de gases estufa também estão tomando medidas. Quebec e São Paulo, para citar apenas dois exemplos, estão objetivando reduzirem suas emissões em 20% abaixo dos níveis de 1990 até 2020. Grandes companhias, como bancos e empresas aéreas, também estão contribuindo. A empresa Wal-Mart, por exemplo, planeja cortar as emissões equivalentes a 3.8 milhões de carros ao implementar energia eficiente em suas lojas chinesas.

O mundo está testemunhando uma extraordinária mobilização de projetos nacionais e políticas que estão em transição para economias de baixo carbono. No Quênia, uma nova tarifa de alimentação está provocando uma expansão da energia eólica e térmica. A Indonésia não está tratando somente do desmatamento, mas começará a eliminar subsídios de combustíveis fósseis para carros privados no próximo mês. Muitos países e empresas estão tomando a frente, sinalizando uma determinação de não ser mantida refém nas lentas rodadas de negociação oficial. Mas tudo isso pode levar alguns a questionar porque as negociações internacionais e as conferências climáticas da ONU são necessárias. O fato é que crescimento rápido foi em grande parte catalisada pelos atuais objetivos, calendários e mecanismos inovadores de tratados de clima da ONU. Esta dinâmica vai continuar a crescer com um novo tratado global que não apenas traga certeza aos mercados de carbono e acelere investimentos em indústrias de tecnologia limpa, mas que também assegure que os países mais vulneráveis não sejam marginalizados.

O desafio hoje em dia é o de unir esses objetivos em uma forma cinegética. Só então o mundo terá uma chance de lutar para manter o aumento da temperatura global neste século em dois graus, construir resiliência contra uma mudança climática e transformar a estrutura energética do passado – e assim, as perspectivas de desenvolvimento de seis bilhões de pessoas no futuro.

Para maiores informações:
http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=655&ArticleID=6879&l=en&t=long

*Tradução livre feita por Flavia Speiski dos Santos, estagiária do Instituto Brasil PNUMA, a partir do site do PNUMA.

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