quinta-feira, 18 de novembro de 2010
 

Grupos de investidores que representam mais de 15 trilhões de dólares chamam para ações da mitigação das mudanças climáticas


Investidores responsáveis pela gestão de fundos do tamanho do PIB dos Estados Unidos clamam por políticas para destravar o vasto potencial dos mercados de baixo carbono e evitar a devastação econômica causada pelas mudanças climáticas.

Genebra/Nairóbi – Os maiores investidores do mundo têm uma poderosa mensagem para os governos e tomadores de decisões ao redor do mundo, bem como os negociadores do clima em Cancun: agir agora na luta contra o aquecimento global ou correr o risco de perturbações econômicas ainda mais graves do que a crise financeira recente.

Citando potenciais perdas do PIB relacionadas com as questões climáticas de até 20% até 2050 e os benefícios econômicos da mudança para uma economia de baixo carbono e de recursos eficientes, os investidores divulgaram uma declaração importante chamando para políticas nacionais e internacionais que irão impulsionar o investimento privado em tecnologias de baixo carbono. A declaração foi assinada por mais de 259 investidores da Ásia, África, Austrália, Europa, América Latina e América do Norte, com ativos sob gestão coletiva totalizando mais de 15 trilhões de dólares – mais de um quarto de capitalização do mercado global.

Assim como gigantes globais como o HSBC e o Allianz, os signatários também incluem organizações de investimentos de muitos países em desenvolvimento e economias emergentes, incluindo o Brasil. É o maior grupo de investidores que chamam a atenção dos governos para ações nas mudanças climáticas. “Não podemos arrastar os pés sobre as questões das mudanças climáticas globais”, disse Barbara Krumsiek, Presidente do Programa Ambiental das Nações Unidas sobre Finanças e Iniciativas e CEO da base norte-americana da firma de investimentos Calvert.

“Calvert está profundamente preocupado com os impactos devastadores das mudanças climáticas – e caso não seja combatido – terá impactos na economia global. Baseado no Relatório Stern, sabemos que esses impactos poderão alcançar reduções globais de 20% do PIB por ano. Por que deveríamos corres esse risco? As soluções estão rapidamente emergindo e nós devemos implantar essas soluções para ajudar a proteger a inovação e o crescimento sustentável tão necessário para nossas economias”.

O comunicado dos investidores antecipou as negociações chaves de Cancun, México, com inicio para 29 de novembro, para se chegar a um acordo sobre um regime internacional sobre as mudanças climáticas para substituir o Protocolo de Kyoto. Os investidores estão cientes que os países em desenvolvimento têm um papel fundamental na resposta global as mudanças climáticas. Não só irão ser os mais atingidos pelos impactos físicos das mudanças climáticas, mas também terão que reduzir cada vez mais a intensidade de emissão de carbono nas suas economias, caso queiram manter o aumento da temperatura média global em no máximo 2°C.

No entanto, isso exigirá investimentos adicionais de capital cujos investidores poderão prover se o regime pós-Kyoto, a nível mundial, for combinado com quadros políticos locais assim como instrumentos internacionais de investimentos de baixo teor de carbono. Enquanto que investimentos globais de baixo carbono estão aumentando, sobretudo na Ásia, os investidores dizem que mais capital privado deverá estar disponível para a energia renovável, energia eficiente e outras tecnologias de baixo carbono, se os países dispuserem de políticas mais agressivas no combate as mudanças climáticas.

Os investimentos em energia limpa são esperados em 200 bilhões de dólares em 2010, ligeiramente acima de 2009, mas inferior aos 500 bilhões de dólares que o Fórum Econômico Mundial julga ser necessário para restringir o aumento da temperatura média global a níveis abaixo de 2°C até 2020.

A declaração alerta para algumas políticas a serem seguidas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento: em curto, médio e longo prazo, metas de redução de gases do efeito estufa; energias e políticas de transporte para acelerar a implantação da eficiência energética, energia renovável, edifícios verdes, veículos não poluentes e combustíveis limpos; adaptação de medidas para reduzir os impactos das mudanças climáticas, entre outros. Embora nenhum acordo global seja esperado, os investidores estão esperando por algum avanço durante a COP-16 em Cancun.

Entre as prioridades chaves dos investidores, está à entrega de financiamento para a mitigação, de acordo com os compromissos acordados ano passado na COP-15. Outras áreas onde os investidores esperam acordos ou progresso em Cancun são: arquitetura financeira (acesso, governança, etc.) sobre os fundos do clima, o que facilitara um maior papel do investimento privado; um prazo rápido para a implementação dos esforços de redução das emissões provenientes do desmatamento e a degradação florestal (REDD); ampliar e aprofundar o mercado internacional de carbono, incluindo maior clareza sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, a Implementação Conjunta e os mecanismos de obtenção de créditos, como as Ações de Mitigação Nacional Apropriadas (NAMAs); entre outros.

Para maiores informações, acessar:

http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?DocumentID=651&ArticleID=6830&l=en

*Tradução livre feita por Flavia Speiski dos Santos, estagiária do Instituto Brasil PNUMA, a partir de artigo retirado do site do PNUMA

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