terça-feira, 21 de janeiro de 2014
 

Agenda - 134


The World Future Energy Summit 2014
20 a 22 de janeiro, em Abu Dabi (Emirados Árabes)
Realização: The World Future Energy Summit
Informações em http://www.worldfutureenergysummit.com/

Attaining Energy, Water and Food Security to All Conference
5 a 8 de fevereiro, em Nova Delhi (Índia)
Realização: Energy and Resources Institute.
Informações em http://dsds.teriin.org.

Simpósio sobre Redução de Emissão de Carbono em Florestas Tropicais
22 a 23 de fevereiro, em Kobe (Japão).
Realização: Centro de Pesquisa da Universidade da Cidade do Cabo
Informações em www.forestrycarbon.net/

Third International Climate Change Adaptation Conference
12 a 16 de maio, em Fortaleza (CE)
Realização: CCST/Inpe e Provia
Informações em http://adaptationfutures2014.ccst.inpe.br/

6th International Conference on Environmental Education and Sustainability
12 a 16 de maio, em São Paulo (SP)
Realização: USP
Informações em http://www.bestbothworlds2014.sc.usp.br/

2nd Integrated Research on Disaster Risk Conference
7 a 9 de junho, em Pequim (China)
Realização: Integrated Research on Disaster Risk.
Informações em http://www.irdrinternational.org/

UN Environmental Assembly of Unep
23 a 27 de junho, em Nairóbi (Quênia).
Realização: Pnuma.
Informações em www.unep.org/

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Estante - 134


Parte das publicações, periódicos e DVDs recebidos pela biblioteca

AHMED, Flávio. Direitos culturais e cidadania ambiental no cotidiano das cidades. Rio de Janeiro: LumenJuris, 2013.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. General-Coordination on Global Climate Change. Second National Communication of Brazil to the United Nations Framework Convention on Climate Change. Brasília: MCT, 2010. 2v.

Empresa de Pesquisa Energética (Brasil). Balanço energético nacional – ano base 2011. Brasília: EPE, 2012. 283 p. Empresa de Pesquisa Energética (Brasil). Balanço energético nacional – ano base 2012. Brasília: EPE, 2013. 281 p.

GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. With no ecological bank statement, nations spend blindly. California: Global Footprint Network, 2013.

GRUPO BOTICÁRIO. Relatório de sustentabilidade. Curitiba: O Grupo, 2013. LEMOS, Haroldo Mattos de. Responsabilidade socioambiental. Rio de Janeiro: FGV, 2013.

LOPES, Laura. A sociedade civil global e o desenvolvimento pós-2015. Rio de Janeiro: Cebri, 2013.

MACHADO FILHO, Haroldo, MENDES, Thiago de Araújo. Financiamento para mitigação e adaptação. Rio de Janeiro: Cebri, 2013.

MAGRINI, Alessandra. et al. Impactos ambientais causados pelos plásticos: uma discussão abrangente sobre os mitos e os dados científicos. Rio de Janeiro: E-Papers, 2012.

Seminário Internacional sobre Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa de Cidades, 1., 2013: Rio de Janeiro. Relatório. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro. Centro Clima, 2013.

VALLE, Cyro Eyer do; LAGE, Henrique. Meio ambiente: acidentes, lições, soluções. 5.ed. São Paulo: Editora Senac,2013. 261 p.

VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: ISO 14000. 12.ed. São Paulo: Editora Senac, 2012.

VEIGA, José Eli da. Indicadores socio-ambientais. Rio de Janeiro: Cebri, 2013.

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Biocapacidade e competitividade: Quais as consequências para o Brasil?


Déficits ecológicos crescentes em todo o mundo

Em virtude das mudanças climáticas e da interconexão entre energia, água e produção de alimentos, a forma como usamos nossos recursos naturais será um dos principais fatores que levarão ao sucesso ou falência econômica no Século XXI. As tendências atuais indicam que a humanidade consome agora mais recursos ecológicos e emite mais CO2 do que a Terra consegue fornecer e absorver de forma sustentável, aumentando, desta forma, nosso déficit de biocapacidade. O risco econômico gerado por essas tendências é tão real e significativo quanto outros riscos como desemprego, inflação, déficit orçamentário e baixo crescimento econômico.

O Brasil ainda está numa situação favorável no que diz respeito aos recursos naturais – sendo credor ecológico em vez de devedor ecológico. No entanto, a atual contabilidade de recursos, como desenvolvida pela ONG Global Footprint Network, indica que esta vantagem está diminuindo rapidamente. Este declínio na reserva de bio- capacidade do país terá consequências significativas se não for prontamente tratado.

A pressão aumenta não somente pela crescente demanda doméstica, mas também pela disparada da demanda global, particularmente na Ásia. Dadas essas tendências, sendo tão evidente que a competição por esses recursos só se tornará mais acirrada, é realmente do interesse econômico do Brasil disponibilizar seus recursos de forma tão fácil e barata?

O Brasil pode tomar decisões importantes que poderiam uma economia próspera e resiliente, mas seu planejamento econômico atual trata de forma inadequada sua perda de reserva de biocapacidade. Existe uma falta de reconhecimento entre tomadores de decisões econômicas e analistas políticos de que as tendências atuais vão significar um risco importante para a economia do país dentro dos próximos dez a 20 anos. Existe uma percepção traiçoeira de que o risco é pequeno ou de que este é um risco global que o Brasil pode fazer muito pouco para resolver.

Qual é a importância dos riscos da biocapacidade para o Brasil? São estes desafios uma tendência global irremovível ou o Brasil pode ser mais proativo para proteger sua própria economia da crise global?


A Pegada Ecológica representa a Biocapacidade necessária para atender o consumo médio de um residente. A Biocapacidade é a área produtiva disponível dentro de um país específi co. A área cinza entre as linhas (gráfi co da Itália) mostra um défi cit crescente de Biocapacidade. Se a linha de Biocapacidade está acima da linha da Pegada Ecológica, o país tem uma reserva de Biocapacidade. Défi cits de Biocapacidade podem ser reforçados pelo sobreuso da Biocapacidade local (isto é: usando os recursos domésticos numa velocidade superior à sua regeneração) ou pelo uso da Biocapacidade de outros países, por exemplo, através de importação líquida. Gráfi cos de outros países estão disponíveis no site www.footprintnetwork.org

O paralelo entre finanças e recursos

Se para uma família ou para um país é tão fácil entrar em débito, é mais difícil sair dele. Pergunte a um assalariado típico – ou mesmo líderes nacionais e empresariais. As pessoas ainda aguardam o próximo pagamento, esperando um aumento ou um pequeno milagre para ajudá-las a resolver o problema. Como qualquer contador diria a você, acumular débitos não é uma política de gestão fi nanceira saudável.

Igualmente, se você tem grandes ativos, e vive da liquidação destes ativos, ao invés de mantê-los produtivos, você irá finalmente perder sua riqueza. Justamente a riqueza que dá a você um pequeno amortecedor comparado àqueles não tão felizardos, não dotados de riquezas como você.

O caso para contabilidade de recursos

Se você quer aumentar sua poupança e evitar entrar em débito financeiro, você precisa gastar seu dinheiro mais devagar do que ganha. Para fazer isto, você precisa saber exatamente quanto dinheiro você ganha e quanto você gasta em um determinado período, e comparar os dois. Você pode, então, criar uma provisão para continuar a viver dentro dos seus meios, através da previsão de como seus ganhos e despesas futuros
poderão mudar.

Analogamente, se você quer garantir que não vai sobreusar seus ativos ambientais – que proveem serviços ecológicos sobre os quais todas as atividades humanas, incluindo a economia, dependem –, você precisa saber quão produtivos são esses ativos, e o ritmo em que você os usa. Biocapacidade, uma medida da produtividade ecológica, reflete a taxa na qual os ecossistemas se renovam e se regeneram. Mais fundamentalmente, ela envolve a biomassa útil para os humanos, incluindo recursos renováveis como alimentos, fibras e madeira, e serviços absorvedores de resíduos, como o sequestro do carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.

A biocapacidade pode ser comparada com o ritmo com que você está usando estes serviços ecológicos – sua Pegada Ecológica. “Você” pode ser um indivíduo, um país ou mesmo a humanidade como um todo. A comparação entre estes dois elementos – sua Pegada Ecológica e a biocapacidade de seu território – mostra se você está vivendo dentro dos meios ecológicos de seu território ou se os está excedendo. Neste último caso, você estará importando recursos renováveis de outro lugar, esgotando seus ativos ambientais usando-os mais rapidamente do que eles são reabastecidos ou usando as áreas comuns globais. Por exemplo, você pode usar as provisões globais através da pesca em águas internacionais ou da emissão para a atmosfera global do dióxido de carbono que você não tem capacidade de absorver.

  • Competitividade de um país: a capacidade para manter ou aumentar a produtividade econômica do país.
  • Biocapacidade: a capacidade de um ecossistema para regenerar e fornecer serviços que competem por espaço; incluindo a produção de materiais biológicos úteis, como alimentos e fibras, e a absorção de resíduos, como dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.

Biocapacidade como um ativo estratégico

Biocapacidade é o cerne do capital natural. Capital natural é a base de toda cadeia de valor – e embora ela tenha sido historicamente subvalorada, ela é a entrada definitiva para as atividades econômicas, sem substituto disponível. Sim, nós podemos substituir carvão por gás
ou madeira, e petróleo por força hidráulica ou geradores eólicos, solos pobres por fertilizados, mas cada substituto é uma entrada material baseada no capital natural. Não existe alternativa ao capital natural.

O uso de mais capital natural do que pode ser renovado não pode ser uma estratégia duradoura. Especialmente na escala global. Não existe outro lugar para se obter recursos renováveis. O déficit de biocapacidade significa o esgotamento dos ecossistemas ou o despejo do excesso de carbono na atmosfera, onde então se acumula. Qualquer das opções é obviamente insustentável – daí a importância de saber quando você excederá a capacidade.

Como existe uma área limitada na superfície do planeta que é biologicamente produtiva – terras cultiváveis, pastos, áreas de pesca e florestas –, overshoot significa que não existe área produtiva sufi ciente para suportar o nosso nível atual de consumo. As várias demandas da população sobre a natureza competem pelo uso dessa área limitada, e essas demandas podem se somar.

A competição pela biocapacidade está aumentando. Portanto, países com déficit de biocapacidade colocam-se cada vez mais em risco. Em contrapartida, países que ainda mantêm uma reserva de biocapacidade, como é o caso do Brasil, estarão perdendo sua vantagem se diminuírem sua
– cada vez mais preciosa – reserva. As tendências atuais podem ser revertidas, mas é preciso atenção – como é preciso atenção para manter as finanças de sua casa em ordem.

Sem a inclusão da limitação dos recursos naturais no cerne do planejamento da competitividade de uma nação, é muito improvável que o país assuma o controle do seu destino.

Mathis Wakernagel é presidente da Global Footprint Network

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